24.2 - M - ESPELHO, ESPELHO MEU, EXISTE ALGUÉM MAIS BELO DO QUE EU?

 A Eletiva de Base “Espelho, espelho meu, existe alguém mais belo do que eu?idealizada e elaborada pela Professora Genilsa de Oliveira Saraiva, e desenvolvida em conjunto com os alunos das turmas 100, 101 e 102 da 1ª série do turno matutino. Tal projeto eletivo propiciou uma reflexão sobre os estereótipos do corpo e a distorção dos padrões de beleza, bem como a influência negativa da moda na sociedade e no consumo exacerbado dos produtos de beleza.

Tratou-se de um estudo conceitual da história dos padrões históricos e das tendências com forma de externar a identidade humana será desenvolviddo conjuntamente com temas como autoestima, cuidados pessoais, beleza e as profissões desta área. Para tanto, fez-se necessário o desenvolvimento de conteúdos sobre o corpo, beleza e saúde,. Por meio de explanação dos assuntos, debates, pesquisas, atividades em grupos, palestras, vídeos, depoimentos, etc., afim de ampliar a visão e o conhecimento dos estudantes.

Com efeito, historicamente, é possível observar que a beleza sempre foi ditada pelos olhos e palavras advindas de uma figura masculina e que desde a Pré-História, as mulheres tentam se encaixar em um padrão estético, o que muda é realmente como essa estética é composta.

Para Naomi Wolf,

A 'beleza” é um sistema monetário semelhante ao padrão ouro. Como qualquer sistema, ele é determinado pela política e, na era moderna no mundo ocidental, consiste no último e melhor conjunto de crenças a manter intacto o domínio masculino. Ao atribuir valor às mulheres numa hierarquia vertical, de acordo com um padrão físico imposto culturalmente, ele expressa relações de poder segundo as quais as mulheres precisam competir de forma antinatural por recursos dos quais os homens se apropriaram (WOLF, 2018, p.15)

 

Na Pré-História, quando o homem começou a conviver em grupo já foi possível notar um padrão se formando, nessa época o instinto de sobrevivência moldava a sociedade, portanto a principal atividade dos homens eram prover seu grupo e embora não fosse a única tarefa a serem realizadas pelas mulheres, uma parte importante é que elas deveriam ser férteis. Uma mulher gorda era associada a uma mulher extremamente fértil e que tinha condições de alimentação ótimas, já que naquela época a escassez de comida era um problema. Ou seja, é possível que as mulheres da época já se sentiam pressionadas, visto que só iam ser relevantes para a sociedade se fossem abastadas e consequentemente gordas e férteis.

Na Idade Média, pela forte influência da religião, o corpo deixou de ser algo que merecia relevância e que necessitava de cuidados, para essa época, o corpo era algo profano que não poderia ser mostrado, falado ou até mesmo pensado. Nessa época, as mulheres tinham um modelo bem claro a ser seguido: a Virgem Maria, uma mulher na qual foi abençoada por uma gravidez mesmo sendo virgem, pelo fato de ser extremamente devota a Deus. Sendo assim, não enxergavam nenhuma importância em se exibir o corpo, afinal, Deus não se preocupava com o externo e sim com o interno, considerava-se que a beleza feminina advinha da obediência e devoção a Deus e a Igreja, assim como foi a Virgem Maria.

No período Renascentista, voltamos para a “cultura” cultivada na Pré-História, o corpo voltou a ser mostrado, pinturas da época mostram de forma sedutora os corpos femininos, mostrando suas curvas e cabelos longos.

Assim como na antiguidade o corpo avantajado estava ligado ao ideal de riqueza e status, as mulheres mais gordinhas eram consideradas belas e também tinham esse fator diretamente ligado à propensão de ter mais filhos, um ideal onde o homem ficava “feliz com sua mulher fértil.

Esses foram alguns padrões estabelecidos por épocas que marcaram a história, o que podemos ver é que o padrão estético sempre esteve relacionado com o que era importante na época, por exemplo. Na pré-história a escassez de comida, na Idade Média a religião. Com a revolução industrial, o capitalismo e é claro o avanço tecnológico a beleza foi evoluindo, mas não podemos afirmar que para melhor, por mais que não seja algo diretamente falado e exposto, o padrão estético é sempre algo que precisa ser seguido à risca, nem mais, nem menos. No fim dos anos 1980 e início dos anos 1990, a era das supermodelos começou, o padrão se tornou cada vez mais inalcançável, já que a magreza se tornou um dos pontos chave para que uma mulher se tornasse bonita, com isso a comercialização da beleza se tornou ainda mais forte, o foco em ser magra e consequentemente bonita estava presente na vida de milhares de mulheres.

Na contemporaneidade, vemos bem a beleza como um produto da indústria midiática, e sabemos que ele é altamente lucrativo, quando acessamos nossas redes sociais, podemos enxergar os avanços que Naomi Wolf aponta em “O mito da beleza”, conseguimos ver a pluralidade em corpos, cores, cabelos, nacionalidades em propagandas de produtos voltados ao público feminino.

Com o avanço da tecnologia e o surgimento das redes sociais, podemos perceber a existência de uma outra face que se fortalece cada vez mais, a profissão de influenciador digital tem garantido um papel cada vez mais importante dentro da sociedade, o grande “x” da questão é como eles tratam de determinados assuntos como: padrão, estética e beleza, e como isso impacta a vida dos consumidores.

Um padrão é o uso de filtros fotográficos recorrentes no Instagram que mudam totalmente a realidade, com esses filtros os influenciadores realizam suas propagandas de produtos de beleza deturpando totalmente a realidade. Em adição a isso temos também fotos exageradamente editadas, clínicas de cirurgia plástica realizando permutas com blogueiras de alto nível, com mais de 5 milhões de seguidores, ou seja, nesses seguidores podem existir meninas com transtornos alimentares e de imagem que podem se sentir coagidas a fazerem o mesmo.

Esse tipo de beleza “tóxica” vendida pela indústria tem seu objetivo concretizado quando existem mulheres e adolescentes se culpando e penalizando seus próprios corpos, cabelos, peles por não chegarem a esse ideal estético proposto, e com isso acabam buscando alternativas em produtos, seja em um novo creme para rugas, uma nova bebida emagrecedora ou até mesmo em uma roupa da moda que nem sempre vão atender as expectativas.

Uma economia que depende da escravidão precisa promover imagens de pessoas escravizadas que “justifiquem” a instituição da escravidão. As economias ocidentais são agora inteiramente dependentes da continuidade dos baixos salários pagos às mulheres. Uma ideologia que fizesse com que sentíssemos que temos menos valor tornou-se urgente e necessária para se contrapor à forma pela qual o feminismo começava a fazer com que nos valorizássemos mais.” (WOLF, 2018, p. 34)

Correlacionado o passado com o presente, Naomi Wolf (2018, p. 24) diz que no que se diz respeito a aparência é realmente possível que nós nos sentimos e estamos em uma situação bem pior que nossas avós não liberadas.

Todas as gerações desde cerca de 1830 tiveram de enfrentar sua versão do mito da beleza. “Significa muito pouco para mim”, disse a sufragista Lucy Stone em 1855, “ter o direito ao voto, a possuir propriedades etc, se eu não puder ter o pleno direito sobre o meu corpo e seus usos.” Oitenta anos mais tarde, depois que as mulheres conquistaram o direito ao voto e que a primeira onda do movimento feminino organizado se acalmara, Virginia Woolf escreveu que ainda se passariam décadas até as mulheres poderem contar a verdade sobre seu corpo.” (WOLF, 2018, p. 26)

Por fim, pode-se dizer que a beleza é uma vitória e ao mesmo tempo uma derrota, Segundo Denise Sant'Anna (2014, p. 9) “A beleza é um trunfo de quem a possui, um objetivo dos que não se consideram belos, um instrumento de poder, uma moeda de troca em diferentes sociedades.”

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