24.1 - N - SAÚDE QUE VEM DA FLORESTA!

 

A presente Eletiva de Base tem por escopo atuar de forma interdisciplinar junto aos componentes Arte, História e Biologia, através de aulas expositivas e dialogadas, pesquisas (bibliográficas, virtuais e de campo), rodas de conversas, leitura de textos, dinâmicas de grupo, produção textual, etc., a partir do uso de recursos como Datashow, computador, xerox, textos variados, etc. relacionando os vários aspectos da temática em estudo à vida dos estudantes, nas suas comunidades de origem.

A relação do homem com as plantas medicinais caminha junto com a história da humanidade na terra (TESKE, 1997), que as tem selecionado e utilizado, seja para alimentação, seja para cura e alívio dos males (AMOROZO, 1996). Nessa relação, ele foi descobrindo plantas com ação tóxica ou medicinal, dando início a uma sistematização empírica, de acordo com o uso que delas podia fazer. (POZER & MENTZ, 2000).

Indícios quanto ao uso dessas espécies vegetais, foram encontrados nas mais antigas civilizações (POZER & MENTZ, 2000). Aqui no Brasil, inclusive os indígenas ensinaram até mesmo aos portugueses, nos primórdios do encontro dessas duas culturas, muitas curas à base de plantas e ervas da flora brasileira.

Ademais, muitas plantas e ervas que foram usadas desde os tempos pré-históricos e outras que foram encontradas registradas em livros antigos, são utilizadas até os dias atuais para fazer chás, banhos, xaropes, etc., e aliviar sintomas diversos para as mais variadas patologias. Estima-se, inclusive, que aproximadamente 80 % da população do planeta já tenha feito uso de algum vegetal para aliviar sintomas de alguma doença.

Assim, ao longo da história, grande parte população brasileira tem feito uso de medicações caseiras à base de plantas. Em algumas comunidades, inclusive, essas plantas simbolizam a única forma de tratamento de determinadas patologias. Principalmente os idosos têm o hábito de usar chás e ervas medicinais para promover alivio de muitos sintomas. Além disso, esses idosos tentam passar para os seus descentes o conhecimento sobre essas ervas medicinais.

Muitas são as razões que estimulam o emprego das espécies vegetais pelas populações, seja pela dificuldade na compra de medicamento por seu elevado custo, pelos grandes efeitos colaterais causados pelos medicamentos alopáticos, pela crença popular de que o natural é inofensivo ou pelas dificuldades no atendimento hospitalar (RATES, 2001). Embora o uso de chás e ervas medicinais não substitua a medicina convencional com remédios sintéticos poderosos, essa medicina alternativa tem o seu valor e pode ser uma grande aliada para medicina convencional.

Convém destacar que as plantas medicinais são aquelas cujo princípio ativo é capaz de aliviar ou curar enfermidades, e que a intensa utilização das espécies vegetais ao longo dos anos possibilitou a construção e acúmulo de um vasto conhecimento pelas populações. Esse conhecimento, por vezes, é transmitido pelas gerações através da oralidade (AMOROZO, 2002), e hoje é utilizado como uma ferramenta para a ciência na busca por substâncias que possam ser ponto de partida para o desenvolvimento de fármacos.

Vale salientar que a grande busca por essas espécies vegetais para estudo fomentou a necessidade de reforçar a importância da correta identificação botânica dessas espécies. Além disso, muitas dessas espécies apresentam substâncias que provocam reações adversas e poucos são os estudos toxicológicos realizados com as espécies comumente utilizadas (TUROLLA; NASCIMENTO, 2006).

Nesse sentido, outra dificuldade encontrada diz respeito ao uso da nomenclatura popular. Uma mesma espécie pode, por vezes, receber mais de um nome popular, de acordo com a região em que é encontrada. Ou ainda, um mesmo nome é empregado para designar espécies pertencentes a famílias diferentes, com constituintes químicos, atividades biológicas e dados toxicológicos distintos ou até mesmo desconhecidos.

Sob a perspectiva pedagógica, é necessário estabelecer uma relação de uma abordagem integrada entre o conhecimento popular e o cientifico sobre plantas medicinais. O que privilegia as atividades práticas, teóricas e aplicadas, despertando no aluno o interesse por práticas terapêuticas alternativas, cujo objetivo é melhorar a qualidade de vida e conscientizar o educando sobre a utilização destes conhecimentos no cotidiano da sua comunidade. Isso porque, muitas vezes, o uso da fitoterapia não é resultado de uma escolha, mas o único recurso disponível (CARRICONDE, 2002) para grande parte das famílias dos estudantes locais.

No ensino médio, na área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias (BRASIL, 2018, p. 553), as aprendizagens do curso conectam-se às competências de analisar fenômenos naturais e processos tecnológicos, com base nas interações e relações entre matéria e energia, com vistas a melhorar as condições de vida, de utilizar interpretações sobre a dinâmica da vida e da Terra, dos seres vivos e do universo, fundamentando decisões éticas e responsáveis, e de investigar situações-problema e avaliar aplicações do conhecimento científico e tecnológico e suas implicações no mundo.

Por conseguinte, para a aquisição destes conhecimentos, os estudantes devem fazer pesquisas e trazer para sala de aula informações sobre diversos tipos de plantas utilizadas por seus pais, avós e vizinhos; na fabricação de emplastros, chás, banhos, xaropes, etc., como: erva-doce, cidreira, hortelã, capim-santo, boldo, dentre outras.

Assim, a presente Eletiva de Base propõe o estudo dirigido das plantas medicinais mais utilizadas pela comunidade, empregando – para isso - uma abordagem integrada entre o conhecimento popular e o cientifico sobre estas plantas, bem como sobre a aplicação destes conhecimentos, conscientizando-os que para se combater os males do corpo com o remédio certo, principalmente em casos mais sérios e graves, é indispensável o diagnóstico médico.

Manter essa ‘farmácia verde’ viva, além de ser um ato saudável, é também uma forma de manter viva a memória, a cultura e os conhecimentos de nossos antepassados, eternizando nossas origens e propiciando no presente a pesquisa acerca das propriedades farmacológicas de inúmeras espécies botânicas para uma vida melhor no futuro.











































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